Sou artista de rua, sou GENTE.

Osineide Oliveira e Netinha (Cia Filhos do Sol) no Encontro Novartes em Lucrecia/RN.

É incrível como o tempo passa e mesmo assim algumas pessoas ainda nos olham distorcido por não termos vergonha de pintarmos o rosto e sairmos às ruas, parece que esquecem que somos gente como elas. Só que com atitudes bem melhores e diferentes, é claro.

Ontem ao sair da faculdade encontrei um amigo e começamos a conversar em meio à conversa ele me interrogou o porquê de em vez de correr atrás do sonhado curso de medicina, fico perdendo meu tempo com algo que não me traz lucro algum, o teatro. Junto com essa pergunta me veio a sensação de indignação e o fiz uma pergunta: - Você tem uma empresa e é bem sucedido. Com todo o dinheiro que você tem você considera-se uma pessoa feliz, realizada? Como eu já esperava, após pensar bastante ele respondeu que não. Falei pra ele que ainda não éramos devidamente valorizados porque no mundo ainda existiam muitas pessoas como ele, que só pensam em bens materiais, esquecendo-se das riquezas culturais. Podemos não lucrar financeiramente, mas a satisfação que temos ao ver nosso trabalho ser admirado por aqueles que realmente sabem nos atribuir nosso devido valor, o aplauso após um espetáculo, a felicidade de sair às ruas levando uma mensagem ao próximo, o sorriso de uma criança ao ver um palhaço... Isso não tem preço!

Sou artista de rua sim e sou com orgulho, pois enquanto os preconceituosos perdem tempo nos nomeando, estamos fazendo aquilo que eles como cidadões não têm coragem de fazer que é buscar transformar nossa sociedade numa sociedade mais justa, onde todos tenham um espaço, exceto o preconceito.

*Osineide Oliveira (Estudante do curso de Pedagogia no IESP/FACETE, atriz, palhaça, dançarina, coordenadora e articuladora de comunicação da Cia Teatral Transformação).